Sunday, May 28, 2006

Livros & filmes: Código Da Vinci




Gregorio Borgia | AP



Ainda o Código Da Vinci A propósito de uma fotografia, já escrevi em outro espaço sobre a minha visão-leitura do romance.

Cada leitor é imbuído de uma sensibilidade própria, o que torna qualquer leitura subjectiva. E essa mesma leitura sofre alterações subjectivas ainda, quando feita em momentos diferentes e/ou fases de vida diferentes.


Claro que romance por romance - entenda-se género literário - prefiro os de autor literário.

Também leio outros, quando a ficção me sabe prender! Estão neste caso os romances históricos bem construídos! 

Dou como exemplo a ficção de Mario Puzo! Sempre apreciei a sua ficção. Escreveu belos romances, apoiado na(s) história(s) de seu país, a Itália!


The God Father | Francis Ford Coppola

Relembro a trilogia Il Padrino que deu estupendos argumentos The God Fatherfilmes de Francis F. Coppola. Referências indubitáveis da historiografia do cinema.

Mas foram vários os livros que escreveu e que marcam a narrativa contemporânea italiana.

Refiro ainda o último romance histórico, inacabado, La Famigliaconcluído pela sua secretária, já que Puzo não teve tempo de o terminar.


Embora esta tenha utilizado todas as técnicas de escrita de Mario Puzo, o que é certo é que leitores atentos, sentirão a transição quase imperceptível na densidade da escrita! Não é fácil. Nem todos têm o dom da escrita.


The Da Vinci Code | Dan Brown

Bem, voltemos ao filme  Código Da Vinci ou The Da Vinci Code realizado por Ron HowardApesar de não ter ficado presa ao livro de Dan Brown, embora reconheça que é um romance mais ou menos bem construído - dados históricos, lendas, códigos misteriosos mesclados de componente policial - a polémica negativada que se gerou, levou-me a ver o filme!



O Código da Vinci, 2006



Isto de destruir um filme com vaias e risos, na primeira mostra, no Festival de Cannes (2006), 
seguido in extremis de críticas brutais, sem respeito pelos excelentes actores, Tom Hanks e Audrey Tatou, entre outros, e o conceituado realizador, Ron Howard, tudo me pareceu demasiado violento, e pouco natural! Já para não falar de ética.





Festival de Cannes, 2006

Nada como ver, para ter a minha visão! Em questões de opinar, não gosto de me deixar conduzir pelos outros!





Toda a adaptação cinematográfica é o olhar de alguém, neste caso, realizador, de parte de uma obra literária. 
É a sua leitura subjectiva e adaptada a linguagem cinematográfica. Logo, pessoal, diferente.

A própria tradução de um livro é já uma perspectiva mais ou menos próxima do original, já que cada língua tem a sua especificidade! Outra visão, desta vez linguística. 
Daí preferir sempre que possível e se domino a língua, fazer a leitura na língua origina.


Tom Hanks & Audrey Tatou
Codigo Da Vinci | filme, 2006


Não vou dizer que é um filme excepcional! Mas de modo algum vi o horror que todos os críticos querem fazer passar! Perseguição? 

Penso que Ron Howard (excelente realizador) pegou no lado policial do livro, e construiu um argumento válido, com efeitos visuais interessantes, pese embora a falta de ritmo! O tema também não o permite! Seria banalizar o que é sagrado!


Da Vinci Code | Musée du Louvre

A religião é o lado oculto|sagrado da Humanidade! Longe de mim falar sobre religião! Actos de fé são pertença intima de cada pessoa e de cada civilização. Mas não devemos misturar dogmas com ficção cinematográfica se queremos ser isentos na visão de uma obra, seja ela literária ou cinematográfica.



Da Vinci Code | Musée du Louvre, Pyramide


Em jeito de nota, sublinho os belíssimos espaços do Museu do Louvre e a sua esplendorosa Pyramide que serviram de cenário a este filme.

Miosótis (pseudónimo)


fragmentos da noite de domingo

28.05.2006
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Saturday, May 20, 2006

Paisagens d'Oriente !

 



credits:Str/AFP
https:/news.yahoo.com/photos
 
"Canela, que faz amigos, canela dalchini, de um castanho... quente como pele, para que encontres alguém que te leve pela mão, que corra a teu lado e se ria contigo."

Chitra Banerjee Divakaruni, A Senhora das Especiarias, (curto excerto)
Publicações Dom Quixote, 2000




A Senhora das Especiarias
Chitra Banerjee Divakaruni
Publicações Dom Quixote, 2000


Foi a este livro que a imagem primeira me remeteu. Um livro feito de aromas, com sabor a canela e outras especiarias. Adorei ler. Mágico.


Aromas da canela, paisagens sagradas

Estios castanho-dourado

fins de tarde, folha de chá roybos

Camelôs caminham sob serenas águas 

do rio Ganges

como nómadas em desertos de areias

fragrantes.

Miragens de Lawrence of Arabia?

estrelícias exóticas de longínquas lembranças

Sentires que planam


apesar de contrárias brisas

Desvarios d'alma que teima em vagar 


na distância dos afectos!

texto original @MS


Miosótis (pseudónimo)

fragmentos da noite com flores, som Watersboys, inconfundível voz de Mike Scott, Fisherman's Blues


21.05.2006
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Sunday, May 14, 2006

Sombra de mulher





fotografia: Lucy Permoni/Reuters


"To love another person is to see the face of God."


Victor Hugo, Les Misérables


Sonhos leves

perfumes distantes

sons de ternura

se espalham em meu corpo.

Ventos cálidos,

macios, suaves

quais dedos transparentes

como em pétalas poisados.

Meus lábios em silêncios constantes

cerram nostalgias puras

feitas de esperança.

Desassossego em mim!

Só, em meu contemplativo caminhar

busco ouvir-te em passos

lentos a par dos meus.


© Miosótis (pseudónimo)

texto original© 

fragmentos da noite com flores


14.05.2006

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Monday, May 08, 2006

Sonhos




Ballerina
Fotografia: Javier Soriano
http://news.yahoo.com/photos

Parece uma flor,
Altiva a dançar!...

O corpo, na dança,
Ganha mais beleza!
- atitudes raras...,
E na singeleza
da sua expressão,
Parece dizer-nos
Que a vida é um sonho
Sem libertação!

Agora é uma pluma,
Nas mãos do destino!...

E agora é o aroma
Que paira, divino,
Perturbando as almas
Sequiosas de amor!...

Lembra o riso de oiro
Perdido no espaço!

Parece uma flor!...

Um beijo!... um cansaço!...



António Botto, Parece uma flor, O Século, 14-6-39, sob pseudónimo de Álvaro Leme


Miosótis (pseudónimo)

(em nota de rodapé - fragmentos da noite com sons de Norah Jones, Live

09.04.2006
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Thursday, May 04, 2006

Flores da noite: tributo




Fotografia: Rosemary/EUA



(...)

Entre que muros moram suas mãos

Entre que murtas montam seus abrigos

Entre quem possa ver deste postigo

Entre que morros morrem de aflição. (...)



David Mourão Ferreira, Entretanto


Dois sem-abrigo são mortos nas ruas do meu país, depois de sujeitos a inexoráveis actos de barbárie cruel, negra! Um deles, pelas mãos de um grupo de adolescentes em ruptura social mortífera?


Já não basta olhar nos olhos sem fundo, esvaziadamante abertos em silêncios  inexpressivos sem consolo humano, homens que procuram nas ruas desnudas o refúgio último dos seus passos.


Que se procura em seres despojados de si próprios, sem afectos nem prazeres, virados ao desconforto, miséria, solidão, vazio absoluto!

Que sentimentos de transgressão e devassidão humana podem estar envolvidos nestes gestos horrendos e despudorados de seres perante outros perante outros seres que já desistiram de tudo e nada?

Estes os meus gritos d'alma sem resposta, associados em comunhão de espírito aos gritos pungentes que esses dois homens e todos os outros homens no mundo lançam ao Universo civilizado no partir aflito, sofredor, no completo anonimato das ruas sem nome
!

CAIS, uma Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos.

Nasceu em 1994 e a sua missão situa-se no apoio da re-inserção social da população sem-abrigo em Portugal.

O sucesso nos processos de recuperação de vidas deixada ao abandono, à mendicidade, ao crime, e ao desprezo de si, passa pelo investimento que se fizer nesta instituição.

Publica uma revista denominada "CAIS" que é vendida exclusivamente pelos sem abrigo, mais recentemente também com o apoio da Ponte Digital.


Miosotis (pseudónimo)



Para ti, 'Art_of_love', amigo afectuoso de fragmentos da noite com flores! Espero ter respondido ao teu apelo de corrente humanitária.

04.05.2006


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A ti meu eterno irmão, lutador incansável, abatido, te entregaste no trajecto final de tua passagem. Que a Luz se faça, nesta noite de teu aniversário corpóreo.

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Monday, May 01, 2006

O Tigre e a Neve : o filme




O Tigre e a Neve

http://www.letigreetlaneige_lefilm.com

Tocante na multiplicidade de sentires! Um filme encantador.

Depois de "A Vida é Bela", Roberto Benigni volta a brilhar neste filme delicioso e comovente sobre o amor  em tempo de guerra, desta vez, o cenário real não é o holocausto, mas a guerra no Iraque.

Alguém que consegue colocar amor num palco de ódios é como ver um oásis no deserto.

Alegria, candura esfuziante, força poética, vida! Move-nos a transpôr desertos e montanhas, atira-nos de encontro ao coração solto da ternura, desbrava sentimentos poucos experienciados, numa época massivamente conturbada pela ausência de valores. 

A guerra em contraste com os afectos numa comédia inteligente. Um hino ao amor.

Roberto Benigni é um poeta. E nos seu filmes, ficamos sempre de olhos colados ao ecrã, num maravilhamento sem par. Filmes de afectos.

Uma tonalidade de jazz na balada de Tom Waits! Beleza musical, com fragrâncias de palavras esparsas em ritmo blues. Lindo!

Acreditar no Amor! Esta a mensagem em profusa mimética de gestos e afectos!

E ver Roberto Begnini reconhecido com os Oscar de 'Melhor Filme em Língua Estrangeira' (1999) e Melhor Actor (1999) é sentir uma rajada de alegria e amor à vida.






Os poetas não escrevem só nos livros! Benignini é o poeta do cinema.


Miosótis (pseudónimo)

reescrito, fragmentos da tarde em que o sol se põe com tonalidades de azul céu e rosa quente, som de Eliane Elias, Dreamer

09.04.2006
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