Sunday, November 25, 2012

Até que a morte os separe ?



 créditos. APAV


Para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, 25 Novembro, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) lançou uma campanha de sensibilização sobre violência contra mulheres.


A campanha inclui dois retratos de mulheres vítimas de violência doméstica que apresentam marcas de vitimação. 

"Estas mulheres estão vestidas de noiva, segurando ramos de flores e ostentam um anel de noivado e aliança de casamento."



Acompanha-as a frase 'Até que a morte nos separe', que remete para a existência de um crescente número de mulheres vítimas de violência doméstica que são assassinadas pelos seus maridos ou companheiros conjugais, explica a associação em comunicado.


Desde Janeiro 2012 já morreram 36 mulheres e registaram-se 49 tentativas de femicídios, segundo o "Observatório das Mulheres Assassinadas".


Toda de branco vae, n'esse habito de opala, 
Para um convento: não o que o Hamlet lhe indicou, 
Mas para um outro, horror! que tem por nome Valla
D'onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!... 

O lindo Por-do-Sol, que era doido por ella, 
Que a perseguia sempre, em palacio e na rua, 
Vede-o, coitado! mal pode suster a vela... 

(...)

António Nobre, Enterro de Ophelia (excerto)
in

Miosótis (pseudónimo)

25.11.2012
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Friday, November 16, 2012

Sítios que não sei








Farol do Cabo da Roca
Fotografia: Nuno Trindade

Não! Aquele fio de paixão pela escrita que me levou a criar fragmentos da noite com flores não recomeçou a emaranhar-se nestes dedos inquietos que desafiam o ritmado pensamento!

Mas as mãos que poisaram mansamente, nas tardes quentes de sabores a maresia com brilho azul-céu, tempos esparsos de acalmias, percorrendo as folhas de alguns livros de lugares de interioridades, seguem por vezes, poisando por aqui.

Verdade! Hoje o Inverno baixou mesmo na cidade, adentrando obscuras e pálidas paisagens. 

Foi quando me apeteceu reler o poeta que deixou de escrever há tão pouco tempo...


Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia..."

Manuel António Pina, Coisas que não há que há, O Pássaro na Cabeça,
Quasi Edições, 2006


Miosótis (pseudónimo)

15.11.2012

fragmentos da noite com flores

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Créditos: Fotografia Nuno Trindade | Facebook

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