Monday, August 06, 2018

Ollhando 13 anos de flor de miosótis !





Jardim das Rosas
créditos: Parque de Serralves
htttps://www.serralves.pt/

« Só te vi duas vezes. Apanhaste-me desprevenido. Foram os teus olhos ou o teu sorriso. Da primeira vez não nos falámos. Só te vi de pé. Olhavas para longe. Da segunda disseste-me que nada fazias, que nada pretendia fazeres, que tudo seria inútil. Que gostarias de trazer um pouco de felicidade a alguém e não sabias como nem a quem.
(...)

Só te vi duas vezes e foi o bastante para agarrares o que me resta da alma e dói mais do que o prazer.
(...)

À saída vi-te de longe e ainda disse o teu nome para que o ouvisses. Bem podias ser outra pessoa. Eu quase nada sei de ti. É justo enganar-me. Engano-me tão facilmente. Num instante o desejo tomou conta de mim. Desejo nem sei de quê. Talvez de te abraçar e desfazer-me no abraço.
(...)

Fiquei preso a ti pelos teus olhos doces, um pouco tristes, pelo teu sorriso do tamanho do mundo.

Pedro Paixão, Ladrão de Fogo, Prime Books, 1ª edição, Abril 2005






Blue door
credits: Andrew Wyeth
https://theartstack.com/


Foi assim que timidamente este blogue nasceu. Noite de 21 Julho 2005. Uma porta entreaberta para as emoções que me levavam a escrever, quase sempre de madrugada.

Treze anos? Não imaginaria que perdurasse no tempo. Já pensei apagá-lo. Tantas vezes. 

Mas este íntimo espaço encerra tantas lembranças! Desabafos, ilusões, desilusões, alegrias, tristezas. Mágoas duras. Perdas irreparáveis. Meu refúgio.

Escrevo pouco, actualmente. A blogosfera fez parte de uma época. Pelo menos, nos termos em que alguns de nós criaram os seus espaços.

De vez em quando, venho reler muitos das textos que escrevi. Uns ainda me magoam, apesar do tempo. Vulnerabilidades que não consegui esconder, e que hoje, mantido o distanciamento, olho como capítulos encerrados da minha vida.

Outros fazem-me sorrir - como foi possível?

E outros deixam-me os olhos marejados de lágrimas. Lágrimas de saudade de seres que partiram e que continuam a estar presentes em meu coração, todos os dias. Quanta falta da presença viva.

Miosótis? Os que me acompanharam, sabem a quem se deve esse afecto. A minha mãe que adorava a flor de miosótis. E que enfeitava meus cabelos de menina com um raminho de flor de miosótis.

Não quero terminar sem agradecer, do fundo da minh'alma...

aos que deixaram suas pegadas em fragmentos da noite com flores,


aos que me dedicaram palavras de beleza sem par, brotadas da alma,


aos que me acolheram carinhosamente em seus espaços,


aos que me 'amam' sem me conhecerem nos caminhos da vida,


aos que escreveram palavras amargas, fruto das suas personalidades,

aos que carinhosamente poisaram afectos escritos, nos silêncios do mundo digital onde nos cruzámos.


Até ao dia em que decida, finalmente, desligar-me deste espaço. Uma flor de miosótis muito espcial tem sido a minha companhia. Minha mãe.

Miosótis (pseudónimo)

21.07.2005

actualizado 05.08.2018
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