Monday, October 21, 2013

Outubro Rosa 2013





"E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta."

Clarice Lispector

Todos os anos, desde 2008 que me junto à campanha Outubro Rosa. Momentos importantes para todas as mulheres.

Relembro a coragem da realizadora Marie Mandy que filmou a história da sua recuperação, transmitida em 2010, no canal France 2. 

Um documentário que foi um grito feito de imagens pungentes de uma mulher que não cruzou os braços no meio do desespero.

E em 2012, me juntei de novo  ao mês da luta contra o cancro da mama.

Uma campanha mundial que anualmente, em Outubro, alerta as mulheres, e  os homens (embora em menor número) para a consciêncialização sobre a doença.




As mulheres continuam a ser as grandes vítimas mortais do cancro em Portugal.

A conclusão faz parte de um relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre as doenças oncológicas em 2013, que foi apresentado recentemente,
No documento é ainda afirmado que "a exposição a factores de risco determinarão um aumento da incidência de doenças oncológicas nos próximos anos", à semelhança do que se prevê nos demais países europeus. 

No âmbito das terapêuticas, o documento da DGS refere que "a oferta de radioterapia registou progressos notórios, sendo a situação de Portugal comparável à dos parceiros europeus". 

Os tratamentos de quimioterapia também têm vindo a aumentar, inclusive em ambulatório - sem que seja necessário internar o doente. 






Para melhorar, os autores apontam o investimento na promoção de estilos de vida saudável e na prevenção primária, bem como na realização, prioritária, de rastreios

O documento não esquece a prometida rede de referenciação oncológica. Nesse sentido, "terá de se reforçar a partilha de cuidados e modelos de colaboração entre instituições, promovendo afiliações onde se afigurar necessário". 

E os grandes hospitais, "que demonstrem maior capacidade, tanto em qualidade com em quantidade, devem ser apoiados na perspetiva do seu desenvolvimento e rentabilidade dos meios que dispõem".        

(excertos do documento da DGS)
in Expresso, 17.10.2013


Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme. (...)

Manuel Alegre




Miosótis (pseudónimo)


fragmentos de esperança

28.10.2013
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Referências:

Expresso

Saturday, October 12, 2013

Perfume de Outono




Women Portraits
Henri de Toulouse-Lautrec

De volta ao meu sítio das palavras! É sempre bom voltar! Tranquilamente, sem pressas. Apenas porque preciso escrever.

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.(...)


Fernando Pessoa

Outono voltou! E durante uma semana aspirou-se  o tempo com aroma de um verão fora da época. Mas bom! Doce.

Um Outono que deixou as folhas tranquilamente poisadas nas ruas, soltas, folhas apenas levadas pelas brisas quase acariciadoras.

Sim, muitos domingos se sucederam àquela tarde de domingo de finais de Julho. Passeios em final de tarde, leituras leves, tempo de mar.

Em Setembro, o quotidiano. Os dias desdobraram-se em movimento constante. Nada de atropelar a vida. Apenas viver.

Mas hoje foi diferente! Outono que caia sobre as árvores, percorrendo a distância de uma primavera já longínqua. 

Sentiu-se o Outono. Senti-o logo, apenas olhando-o pela janela. Estremeci. Um arrepio mais frio percorreu-me. Sol pálido na paisagem.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo. (...)


Fernando Pessoa

Lembranças sucedem-se assim. Múltiplas imagens. Desordenadas, como o pensamento. 

Então, o tempo de escrever. Fragmentos de coisas minhas que transparecem de anseios, alguns sentires, rumo ao Inverno. 

Motivo para escrever? Não sei! Sinto que tenho dificuldade, não nego de expressar em palavras soltas aquelas pequenas coisas. Mas, mesmo assim, escrevo.
 
Precisava olhar lá longe na noite o rumo desfeito em litanias, sentir o espelhamento de meu ser. Vago. Difuso.






Sei que é uma noite de decisões. Não, não quero cair na melancolia dos pensamentos que os ventos de Inverno sempre me empurram para dentro. 

Continuo a escrever, A ouvir música. A ouvir o silêncio. Não tenho interrogações.

Deixo hoje, neste sítio um intimismo que me é peculiar. Como quem diz de si para si. Deixa. Amanhã, quem sabe se o firmamento se volta a mostrar azul! 

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta (...)


Fernando Pessoa, Uma névoa de Outono, o ar raro vela,
05.11.1932

Miosótis (pseudónimo) 

12.10.2013 
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Nota: Para os que não leram a justificação do meu pseudónimo, no início deste blogue, este apenas se deve a tributo de ternura a minha mãe que adorava flores de miosótis)