Saturday, October 02, 2021

Falando de afectos, já com aromas de Outono

 





créditos: Autor não identificado
via Google Images


Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

(...)

Cecília Meireles, Canção de Outono


Os afectos foram se afastando. As máscaras não permitiam ver os sorrisos. Os códigos de conduta exigiram distanciamento total. Ou quase, Deus meu! Mesmo na família. Durante um ano e meio. Quanto tempo!


Um ano e meio se tornou eternidade. Sozinhos. Gelados na alma. A virtualidade tentou extinguir algum distanciamento. Será que foi suficente? Não creio.


E voltou Outono. E a aproximação? Ainda condicionada. E receosa.

O tempo arrefeceu. Será que conseguiremos recuperar esses abraços tão guardados? Os beijos por dar. A ternura por entrelaçar. O calor do outro?

Ah! E o amor. O amor deixou de andar tão solto. Sonhos desvaneceram-se. Muitos. Ficaram no imaginário cheio de esperança. Vã realidadade. Que lástima! 

A esperança esmoreceu em muitos de nós. Os sorrisos escondidos por trás da barreira continuam contidos. Presos. Muitos se perderam. Escondidos. Esquecidos.

Assinalam-se novos horizontes. Quais?

(...)
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles, Canção de Outono


Miosótis (pseudónimo) 

02.10.2021 

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