Sunday, February 22, 2009

Voltar a escrever...




taste
Yoshiko314


Uma leve brisa,

bastante para levar

perfume de flores
 
Inahata Teiko (1931)

Haiku séculos XII a XX
Japão no Feminino II


Voltar... sim voltar a escrever! Não é fácil! Depois de um silêncio que ainda não se desfez! Um silêncio que se entrincheira em nós, lento, moroso, tranquilo.

Então por que escrever?! Algo nos impele? Alguém nos lê? Um ser nos pressente? Não! Apenas nós!


Então deixo poisar minhas mãos, num gesto abandonado sobre a mesa, e olho longe na paisagem!

Questiono-me... que importância terá para a vida de alguém que uma alma simples, sem pretensão, deixe de escrever?! Nada se passará! Ninguém sentirá sua ausência.

Talvez mesmo deixar de escrever... voltar ao silêncio sem cuidados de soltar meus murmúrios, aspergindo meus sentires nos tons nocturnos da essência da música.
 
 





Miosótis (pseudónimo)

fragmentos da noite com flores em esparsos pensamentos


22.02.2009

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Monday, February 02, 2009

Sentada na paisagem




Riverside benche
Yoshiko314 | Flickr
 
Tens os teus pincéis,
tens as tuas cores,
pinta o PARAÍSO e,
depois vais...

Nikos Kazantzakis (escritor grego, 1885-1957)
 
Não tenho escrito! Não me apetece, não sinto vontade, anseio ou prazer. Não sei se é falta de inspiração, mas levo mais para recolhimento! De um tempo de mudança.

Houve um momento, há alguns anos, que em fase similar, embora por motivações diferentes, peguei num livro. E ao abrir, estes versos me sugeriram uma imagem que não esta!

Mas a imagem presente é a que hoje sinto como representação visual do que atravesso! Bem adequada, solitária, mas luminosa e fluída, nesta paragem frente ao reflexo da paisagem no rio! O rio da minha vida, poderia perfeitamente ser!

Singela metáfora de sentires. Outros momentos atravesso, sempre tranquila mas revolta, num percurso de anacronismos! De paixões desfeitas, sublimadas, de amar perdida, de actividades imensas que deixam de ter sentido.

Ofereço esta contemplação meditativa a mim própria, como antídoto de pressões externas, vulgares sentires e incompreensões a meus sentimentos e agires.

Também não estamos aqui para ser compreendidos pelos outros. Pois se ninguém nos sabe 'cativar'! E aqui me refugio, por instantes, que se tornaram longos! Mas necessários!

Sou a alma inequivocamente absorta, interiorizada como só a alma pode ser, neste imenso espelho natural de uma paisagem colorida, aberta, profusamente decorada de folhagens em tons refrescantes, verde-primavera! Lá ao longe, em contraponto, uma pequena ponte, vermelho-ocre que irradia passagem para outras margens.

E eu humilde e errante sonhadora! Eterna buscadora de outras dimensões. O silêncio. A paisagem. O compromisso. A luz. A música em surdina.

Procuro resguardar o que de mais belo e humanizado preservo ainda em minh'alma! E pinto um paraíso que só em mim existe. E na arte que busco. E nas poucas alquimias que me acompanham.


Miosótis (pseudónimo)

fragmentos da tarde chuvosa, com raios de luz cinza-prata, lá ao longe no fundo da paisagem, de minha janela virada para o infinito, som de John Pizzarelli, Here Come the Sun

02.09.2009
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