Tens os teus pincéis,
tens as tuas cores,
pinta o PARAÍSO e,
depois vais...
Nikos Kazantzakis (escritor grego, 1885-1957)
Não tenho escrito! Não me apetece, não sinto vontade, anseio ou prazer. Não sei se é falta de inspiração, mas levo mais para recolhimento! De um tempo de mudança.
Houve um momento, há alguns anos, que em fase similar, embora por motivações diferentes, peguei num livro. E ao abrir, estes versos me sugeriram uma imagem que não esta!
Mas a imagem presente é a que hoje sinto como representação visual do que atravesso! Bem adequada, solitária, mas luminosa e fluída, nesta paragem frente ao reflexo da paisagem no rio! O rio da minha vida, poderia perfeitamente ser!
Singela metáfora de sentires. Outros momentos atravesso, sempre tranquila mas revolta, num percurso de anacronismos! De paixões desfeitas, sublimadas, de amar perdida, de actividades imensas que deixam de ter sentido.
Ofereço esta contemplação meditativa a mim própria, como antídoto de pressões externas, vulgares sentires e incompreensões a meus sentimentos e agires.
Também não estamos aqui para ser compreendidos pelos outros. Pois se ninguém nos sabe 'cativar'! E aqui me refugio, por instantes, que se tornaram longos! Mas necessários!
Sou a alma inequivocamente absorta, interiorizada como só a alma pode ser, neste imenso espelho natural de uma paisagem colorida, aberta, profusamente decorada de folhagens em tons refrescantes, verde-primavera! Lá ao longe, em contraponto, uma pequena ponte, vermelho-ocre que irradia passagem para outras margens.
E eu humilde e errante sonhadora! Eterna buscadora de outras dimensões. O silêncio. A paisagem. O compromisso. A luz. A música em surdina.
Procuro resguardar o que de mais belo e humanizado preservo ainda em minh'alma! E pinto um paraíso que só em mim existe. E na arte que busco. E nas poucas alquimias que me acompanham.
Miosótis (pseudónimo)
fragmentos da tarde chuvosa, com raios de luz cinza-prata, lá ao longe no fundo da paisagem, de minha janela virada para o infinito, som de John Pizzarelli, Here Come the Sun
02.09.2009
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fragmentosdanoitecomflores.blogspot.com®
22 comments:
Há quanto tempo não escreves? Há quanto tempo não tens vontade? Há quanto tempo desejas mudança? Quanto água corre no teu rio? Ninguém te cativa? O teu espelho reflecte? Quando sonhas, o que faz a música? Teu paraíso tem labirintos onde possas encontrar a Alma?
Só questões para te por a pensar mais...eheheheheh
cores melancólicas atravessam as tuas palavras. a solidão dos cumes dos sentires.
muito belo
beijo
E do não escrever se faz alma! Gostei! :)
*
no meu olhar
fica a tela
da paisagem,
na passagem
feita miragem
para o paraiso,
,
conchinhas floridas,
envio,
,
*
Como não faço a mínima ideia do que te dizer depois de ler este teu texto que me pareceu melancólico, deixo-te um conselho de amigo, através de um poema que publiquei em Dezembro passado e que não sei se leste:
No rumo a escolher,
para se chegar
ao destino pretendido,
tudo deve ser bem claro.
Como os mares fechados o são
para o navegante.
Não para ver o ponto da chegada,
só o caminho
que guie como ponte.
Quando errante
no mar cavado da solidão
que a tristeza escurece,
alumia-te e sai depressa,
proclama-te ponte na partida
e sê o porto de ti mesmo.
Se estou a exagerar, ainda bem...
Espero que gostes, sem pretender cativar-te...
Beijo.
Miosotis,
Imagino-me sentado nesse banco a contemplar essa linda paisagem, onde só me faltaria o som de uma bela melodia para me aconchegar a alma.
Bjs.
... a música transmuta-me, quase em constante sintonia, neste 'silêncio buscado'... Dark_!
Apesar dos labirintos... nunca me afasto da minha essência/alma! Ser-me-ia impossível...
Pelo apoio afectuoso, apesar das provocações 'saudáveis', sensibilizada!
Y.
... sensibilizada, Herético! A tua compreensão é-me preciosa!
Um beijo,
Sensibilizada pelo teu olhar, 'Arion'!
'Poeta'... teus versos descrevem lindamente a 'paisagem'! Sensibilizada!
Um beijo,
Não tinha lido esse teu poema, Nilson! Suponho...
Gostei, profundamente! E entendi-o...
Pela tua amizade, ao longo dos tempo, sensibilizada, da alma!
Um beijo
Y.
Cativar-me...
Não me importava que te sentasses a meu lado, 'Art'! Afinal, continuas bem perto ao longo dos tempos...
Precisamente, pela afectuosa e constante 'presença' eu te agradeço!
A melodia, mesmo no silêncio, se ouve... aconchegando nossas almas, sempre!
Um beijo da
Y.
*
voltei
para divagar sobre,
Nikos Kazantzakis, um dos
primeiros escritores que li,
um ficou gravado para sempre,
O Cristo Recrucificado
outro,
O Pobre de Deus, proibido,
li-o editado no Brasil,
uma gentileza do amigo JVS,
,
tinha necessidade de voltar
aqui, esta foi razão . . .
,
conchinhas gregas, deixo,
,
*
Sensibilizada, 'Poeta' pela partilha de leituras!
Um beijo,
Querida Mio
Nunca deixes de pintar o teu paraíso, pois o teu desejo é o início do que queres alcançar...
Um beijo
Daniel
As tuas palavras sensibilizam-me, Daniel!
Digamos que atravesso uma fase menos fácil...
Um beijo afectuoso,
Os paraísos são mesmo assim, dentro de nós próprios...
quem é esta pessoinha qu escreve tão saborasamente bem.
Quase termina o inverno no seu cinza escurecido para dar lugar a uma quase primavera melancólica pintada de fresco... muito bonito!
Por vezes [tantas] o silêncio é reflexo de nós.
Fica bem.
Um abraço prolongado, suave e em silêncio
em azul
'Os paraísos são mesmo assim, dentro de nós próprios...' - também, 'Miguel'!
Mas, em graves momentos, grandes túneis temos que atravessar...
Foi bom ler-te de novo! Sensibilizada!
... mais do que uma pessoa, uma alma suave e sentida! Sensibilizada pela paragem, 'Irineu'!
... a Primavera vem de mansinho estendendo seu manto verde e luminoso, na paisagem! Verdade, 'em azul'!
Sim, por vezes, [muitas vezes] o silêncio é reflexo de um'alma atenta.
O abraço, eu senti-o! Como te agradecer esse gesto de carinho?! Retribuindo-o...
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