Não tem sido fácil. Não, não tem sido fácil ser mais assídua no meu canto mais intimista.
Já escrevi várias vezes em diferentes contextos. Não é só falta de tempo, é essencialmente uma definição do querer, não querer. O silêncio é mais presente nas minhas noites de Inverno. Pesado. Ensurdecedor.
Talvez esteja a fugir da causa mais profunda. O desaparecimento de afectos, de pessoas. A fragilidade de vidas por um fio.
Por muito que se queira olhar com um certo distanciamento, não está a ser fácil. A nossa afectividade está lá.
O Natal, essa época de paz, não trouxe mais apaziguamento. Revelou com maior incidência, a ausência das coisas, dos gestos, dos afectos que nos prendem às pessoas. Silêncios.
E trouxe também outos medos. Outras incertezas.
Ainda assim, quero voltar a estar aqui. E quero estar com mais regularidade. Não posso prescindir deste meu refúgio nocturno. Recolhimento.E trouxe também outos medos. Outras incertezas.
De qualquer forma, posso sempre começar por dizer algo sobre alguns temas que se identificam com minha sensibilidade. É ir passando por este cais.
(...)
Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim, (...)
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim, (...)
Álvaro de Campos, Ode Marítima
Miosótis (pseudónimo)
19.01.2016
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