When the winds of change blow...
As asas da mudança sopram serenamente, Talvez mais serenamente do que as asas de Agosto. Ventosas em extremo.
Mas é verdade que Setembro já sopra melancolia. E eu deixo-me levar sem lutar contra essa melancolia que me arrasta inflexivemente para outras asas mais penosas. Inverno.
Só consigo pensar que o Inverno aí vem. Triste, escuro, e frio. Não gosto do Inverno.
Procuro todos os pedacinhos de luz que vão sendo mais escassos. A noite cai com muita pressa.
Neste final de tarde que traz aromas outonais, o sol ainda tenta resistir - depois de uma manhã cinzentona - mas já vai desmaiando em reflexos prateados sem cor definida. Neutra. Sem aquelas tonalidades esfuziantes.
Quieta, medito sem meditar.
E reescrevo os versos do meu poeta... deixou-nos este ano. No silêncio.
o outono, com a sua melancolia, empresta um estranho
perfume de terra ao espiríto.
excerto de "A contrução do ser"
Nuno Júdice, Cartografia de Emoções,