Monday, October 01, 2018

Charles Aznavour : tributo intimista no Dia Intl da Música






Charles Aznavour [1924-2018]
crédits: Getty Images

Morreu Charles Aznavour, o poeta da canção. O último dos grandes nomes da canção francesa morreu no Dia Internacional da Música. O último troubadour calou-se.
O artista francês regressara de uma digressão no Japão e fora forçado a cancelar concertos devido a uma queda. Mas outras complicações se seguiram.


O cantor, actor, compositor francês de origem arménia, era uma lenda viva da ‘chanson française'. O último de uma geração de chansonniers/ paroliers de enorme talento.
Para mim, vêm lembranças da minha adolescência. Em Paris, para onde viajara com meus pais, estes me levaram ao Olympia ouvir Charles Aznavour. Sala cheia. Público em silêncio. Entrou uma figura franzina, de baixa estatura, no palco. 
Mas quando começou a cantar, a sala estremeceu de emoção. Ele era enorme! e todos acompanhavam com palmas ou trauteando as suas líricas.



Charles Aznavour
créditos; Fondation Charles Aznavour
https://aznavourfoundation.org/fr/
Os anos passaram. Foi em Paris, de novo, numa breve viagem, que o voltei a ouvir. Desta vez, num filme que estreava nessa semana e fazia um imenso sucesso nas salas francesas. 

Nothing Hill com Hugh Grant e Julia Roberts. A voz de Aznavour fez-se ouvir  logo no início do filme com a canção She, sobre a introdução do filme, composta para o mesmo por Elvis Costello
Este cantou-a mais tarde, mas para mim, ficou para sempre gravada na interpretação de Charles Aznavour



She tornou-se o tema da minha vida. Irremediavelmente. E, com muita nostalgia, o oiço nesta noite de fragmentos de emoções.

Há vozes que perdurarão para sempre. A voz de Charles Aznavour é uma delas. Não é possível falar-se de música, de compositores e artistas, sem referir Aznavour. O grande troubadour do séc. XX.

Ele não é uma mera lenda. Ele é a voz que iluminou tantas pessoas, nas suas emoções, nos seus afectos. 

Eu cresci com a música de Aznavour lá em casa. Na casa de meus pais. Aliás cresci eu e meus irmãos. Meus pais eram grandes admiradores de música francesa. Não só da música. Mas de muita da cultura francesa.
O dia estava divino, hoje! Mas a notícia da morte de Aznavour bateu-me de rompante. Como que, não por acaso, os deuses ofereceram-lhe um dia lindo para nos deixar. O Dia Internacional da Música. 






“We live long, we Armenians,” he said. “I’m going to reach 100, and I’ll be working until I’m 90.”
Charles Aznavour, in The New York Times
Cantou em concertos até aos 94 anos. Não morreu no palco, como era sua vontade. Mas quase. Deixa-nos uma imensa nostalgia. 
Todos nós ouvimos hoje, muitas das suas canções. E como as sentimos! 

“Eu não vou abandonar a vida. A vida é que me vai abandonar. Esse é que é o problema.”

Charles Aznavour, in Público

Miosótis (pseudónimo)

01.10.2018

fragmentos da noite com flores... de miósitis

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2 comments:

Mar Arável said...

Há pássaros que não morrem

MS said...

Sem dúvida, 'Mar Arável' ! Aznavour é um deles !
Abraço