Easter
O silêncio prolonga-se. Instala-se. Cada dia que nasce traz a esperança de quere escrever. Sons em palavras. Falar de sentimentos, descrever emoções, impressões.
É verdade que a vida não é só um registo de memórias. Há os afectos. Como encontrar a forma simples de partilhar imagens doces, momentos únicos, guardados dentro de mim, num canto em que só eu chego?
Desmbarco aqui, onde posso contar de mim. Acompanho a progressão dos cheiros da primavera, tímida, num desfraldar de folhas secas que o equinócio de vernal tenta afastar para longe.
Estes lapsos que se instalam no coração das palavras.
E chega a Páscoa. Tento romper a rosa-dos-ventos. Uma nova reflexão.
Busquemos a serenidade que os tempos indisciplinados nos retiram. Diferentes sentimentos surgem.
Que esta espécie de meditação, entre serenidade e tormenta, nos convide à paz para o encontro diário com o outro. Com a vida.
Quem
Não sei como se ressuscita
no terceiro dia
de cada sílaba
nem se há palavra para voltar
do grande rio do
esquecimento.
Não sei se no terceiro dia
alguém me espera. Ou se
ninguém. (...)
Manuel Alegre, Quem (excerto)
Miosótis (pseudónimo)
26.03.2016
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