Foto: José Oliveira
Não vou mentir. Este Outono ausente faz-me desbravar o vento sem aquela doce melancolia dos dias de introversão lenta, a preparação necessária para entrar no Inverno do meu recolhimento.
November comes
And November goes,
With the last red berries
And the first white snows.
With night coming early,
And dawn coming late,
And ice in the bucket
And frost by the gate.
The fires burn
And the kettles sing,
And earth sinks to rest
Until next spring.”
Clyde Watson
E o ritual não se cumpriu. Fecho-me em sliêncios. A cortina,agora em tom mais sombrio, encerra meus ténues e tristes pensamentos. Até a Primavera voltar?
Já pouco olho para a natureza. Está fria, escura, cheia de chuva. Ventos bravios como se fugidos do mar encrespado, furioso, encerram as janelas.
Ando por aqui como que sonâmbula de uma noite que cheira a desconforto. Sacudo os arrepios de frio, puxo a malha quente em torno do meu corpo para me afagar, como num abraço de afecto que não chega.
oto : José Oliveira
Devagar, encerro os olhos e reencontro-me lá muito mais longe, na Primavera futura. Será?
Sei que a vida não prepara para este abrupto tempo. Mas convida-nos a reagir. Sempre. As pálpebras cerram, buscam descanso.
O firmamento lá fora, esse está cor de bréu. Não há estrelas. Nem voz para uma prece. Silêncios.
Miósotis (pseudónimo)
fragmentos da noite com flores
14.11.2014
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10 comments:
Adoro o Outono. É uma paixão imensa que habita dentro de mim. Saboreio cada um dos dias como sendo (e são) únicos. No paladar, nos aromas, nas cores, na nossa pele.
Olhando lá para fora consigo sentir o Outono a desvanecer-se e a dar lugar dia a dia ao Inverno. Esse Sr. de ar austero. A continuidade está a dar-se. O que sentes é isso mesmo. O Outono não está ausente. Vai ausentando-se. Recolhe-se. Tu e eu também. Aos poucos e poucos, dia a dia. Transitamos de estação em estação sem ausências das anteriores. O Dom Outono abre suavemente as suas portas ao Sr Inverno.
Os ventos agrestes do segundo sucedem-se às cores suaves do primeiro.
Bom fim de semana :)
"Veste-se o Outono de mostos e fermentam
Sabores na glória dos frutos que as bocas
Salivam
Tão maduras
Que se desprendem
Como promessas em zénite
Atordoadas em mel
Quais corolas
Soltas em voo de línguas suculentas..."
beijo
Eu não posso dizer que adoro o Outono, Pedro.
Mas sim, gosto de um Outono de cores intensas, dos aromas quentes que não se têm feito sentir este ano. Outono virou Inverno. Ele não se ausentou, passou adiante.
No entanto, hoje, o dia esteve lindo e o pôr-do-sol foi intenso. Uma suave pausa, que inspirei doce, tranquilamente, e me fez esquecer, por um dia, toda a chuva e cores deslavadas que se fizeram sentir neste mês de Novembro.
É bom conversar com amigos que compreendem/sentem os sentimentos que expressamos.
Bom fim-de-semana, Pedro :-)
Adorei o poema, 'Herético'. Lindo! Como o Outono, intenso.
Nas noites frias que se fizeram sentir - haja o dia cálido de hoje - imaginar os aromas de mosto e mel, trouxe-me o sabor da ternura.
Beijo
Bonsoir,
Un billet rempli de jolis mots... En ce qui me concerne j'aime tant le printemps et bien que je n'apprécie pas particulièrement ce moment de l'année, je me dis que c'est pour mieux recevoir Demoiselle Printemps !
Gros bisous ☼
Em breve será Primavera...em breve...
Bjs
Um dia os relâmpagos falarão mais alto
Bonsoir Martine,
Eh! Bien, je ne suis pas aussi optimiste que vous, face à l'hiver.
Mais pour l'instant il se montre sous sa splendeur d'un ciel bleu et d'agréables journées ensoleillées.
Ça oui, j'aime bien, sortir dans la rue, un froid sec, sans pluie. De belles balades en fin de journée.
Merci bien de votre visite et du gentil petit mot.
Bisous
... em breve não será, Lilás.
Mas que estes dias têm sido divinos, lá isso é uma realidade que tenho fruido com um profundo bem estar.
Beijos
Poeta 'mar arável', afasta para lá esses relâmpagos :-)
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