Friday, March 10, 2006

Sentires



photo: Clive Rose | Reuters
"... eternamente à luz do sol que não há, a da lua que não pode haver."

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Não sei mais expressar o que me vai na alma! De repente, dou comigo muda, sem vontade de colocar em palavras, o sentir solitário do meu ser.


Houve tempo que tinha tanta coisa para cantar! Mas, a dor me fez emudecer. Calei!
 

Volteava em função dos meus sonhos, feliz, solta, nas enormes paisagens, profundos azuis, cor do meu sentir. Sentir amor.
 

Cada pedaço de vida, eu deixava escapulir e compunha doces cartas, memorandos de afectos, textos poéticos em prosa solta que falavam de uma intensidade sem limites.
 

Hoje esmaecida, mulher terna, agrilhoada, vejo-me neste imenso vaguear de braços suspensos entre o sol e a lua, em permanente silêncio boreal !

E nos curtos intervalos de conversa, quando fico a sós comigo mesma, revejo cada carícia que não tive num compasso de vida que não existiu.


Miosótis (pseudónimo)

fragmentos da noite
09.03.2006 
Copyright ©2006-fragmentosdanoitecomflores Blog, fragmentosdanoitecomflores.blogspot.com®

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9 comments:

MS said...

Sensiblilizada, Clife, pelas tuas palavras amigas! E pela tua presença...

[abs_azuis]

Anonymous said...

Sinto saudades do dia em que nunca nos encontramos.
Sim, daquele em que não nos vimos pela primeira vez.
Desse em que nunca te tive.
Daquele em que não falaste o que eu queria ouvir.
De nossa primeira noite que jamais houve, quando deixamos de
conhecer-nos biblicamente até o desmaio.
Tenho sede da noite em que nem começamos a beber-nos.
Sinto fome dos momentos em que não estávamos um no outro, devorando-nos
gota a gota.
Poderia desenhar nos mínimos detalhes tudo o que não aconteceu.
O amor que não explodiu; o desejo que não cristalizou; todo esse nada
que não vivemos tão intensamente separados.
É uma saudade tão grande!...
Uma saudade como se nunca tivesse acontecido.
Como este afago que não te mando, e que ainda assim, nunca o receberás.

MS said...

Sensibilizada pelas palavras em jeito de poema, Carlos! Grande o desencontro!
[abs]

Anonymous said...

oi..oque vc escreveu tem mto a ver com algumas coisas que venho sentindo..mas apenas uma poetiza como Miosótis para poder externar..
""... eternamente à luz do sol que não há, a da lua que não pode haver." lindo d+++
hj vim te ler..tbm dizer que estarei distante..tudo tem 1 começo..meio e fim..estou procurando saber onde me encontro
beijos
( fiquei muito feliz pela msg do meu niver..e vc tem razão a imagem está mesmo fora do padrão)

GUIA DO APOSTADOR said...

Que ultrapasses rapidamente o refúgio da dor, são os meus sinceros votos...todos temos algo para dar ao mundo, ergue-te...um beijo com carinho

MS said...

Anjo Guerreiro, vou sentir a sua falta no teu blog!

Foi você p'ra mim um presença sp mt doce e q ñ vou esquecer.
Teus textos deixados com gd amizade e carinho neste blog me perfurmaram com mais intensidade!

Já estive em teu blog exprimindo todo o meu apreço pela sua bondade!

Q encontre seu caminho no princípio, meio ou fim...

Eu continuo com mt serenidade meu solitário passo!

Mt obrigada por tudo! Ficará em minh'alma!

bjs_de_mt_ternura

MS said...

Tacitus, fiquei mt sensibilizada com o teu regresso ao meu sítio!

Quero agradecer as amistosas palavras de incentivo e mt apreço.
O refúgio faz parte do ser humano, seja ele de dor ou alegria!

Tb é verdade q todos temos algo para dar... eu posso afirmá-lo sem falsa modestia! E nunca me arrependo desse acto! Dar é crescer e tornar-se mais doce...

Há uma expressão q me deixou, no entanto, confusa: "Ergue-te..."
Acaso me viste "caída"?!? Ñ me parece...

De qq modo, mt obrigada pela tua sincera preocupação!

bjs_com_carinho

Anonymous said...

Desperta-me de noite
Maria Tereza Horta

Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito

É rede a tua lingua
Em sua teia
É vicio as palavras
Com que falas

A trégua
A entrega
O disfarce

E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo

E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vais descobrindo vales.

MS said...

Carlos, mt sensiblizada pelas poesias q vens deixar em Fragmentos!
Escolhes alguns poemas complexos, e por vezes nem sei como defini-los. Mas, a tua intenção é de gd simpatia!
[abrs]