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Ano Novo! O que é? Uma convenção calendarizada? Ou um ritual ancestral que faz nascer em nós a esperança de um ano mais feliz?
Tentamos, então, renovar a nossa caminhada, pedindo ao Sol para seja bem luminoso, nesse novo dia que se abre à meia-noite, e que tudo transforme para melhor.
No entanto, é simplesmente mais uma meia-noite que bate as doze badaladas. E cada badalada, a renovação da nossa secreta esperança.
Pedimos, seguindo a tradição, e a nossa fé mais intimista, um desejo a cada uma das badaladas com vagas de uva ou de româ. Nesses desejos incluimos o agradecimento das coisas boas que atravessaram o ano 2017, e tentamos esquecer, nem que por segundos, os acontecimentos que nos feriram.
Somos pequenas nuvens que se movem levadas pela briza, ou pelo orvalho das manhãs de Inverno.
Que os nossos sonhos sejam briza doce que nos levam mais alto. Que nunca percamos esse imenso dom. Sonhar.
Que ao começar a tomar notas no livro em branco do Novo Ano, possamos dar relevância à beleza das pequenas coisas que talvez se tranformem em sonhos. E que, ao encerrá-lo no final do ano que vai entrar, sorriamos do balanço harmonioso.
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas. (...)
Alberto Caeiro, Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta
Bom Ano Novo !
Miosótis (pseudónimo)
fragmentos da noite com flores
30.12.2017
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