Sunday, June 18, 2017

Portugal, eu choro !








Fogo florestal centro Portugal
créditos: Miguel A. Lopes/ Expresso






Fogo florestal centro Portugal
créditos: Miguel A. Melo/ EPA



A paisagem cobriu-se de cinza. Há silêncio. O céu está de luto. A alma chora do que vai vendo. É o luto.

Tão calmo está o firmamento. Pesado. Nem parecem nuvens de fumo. Apenas morte.

Não paira vento, não há céu azul. Os pássaros que das árvores circundantes calaram seu chilrear.

Tudo em mim chora. A natureza reza.


A morte chega cedo, 
Pois breve é toda vida 
O instante é o arremedo 
De uma coisa perdida.

(...)

 E tudo isto a morte 
Risca por não estar certo 
No caderno da sorte 
Que Deus deixou aberto. 


Fernando Pessoa, A Morte Chega Cedo
in Cancioneiro


Miosótis (pseudónimo)

18.06.2017
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Saturday, June 03, 2017

Falando de abraços !






credits:  : New York  Street Artist ‘Swoon’

Algo de errado se passa na minha vida. Eu adoro abraços, Mas tirando casos excepcionais, é raro abraçar alguém. 

Quase não me lembro a última vez que abracei um amigo. Mas lembro perfeitamente de quando era pequena abraçar muitas vezes.

Nesta onda de abraços, recordo com ternura abraçar amigas, e amigos, alguns familiares. Mas agora, as coisas já não são bem assim.

Não consigo perceber por que razão os adultos, familiares e amigos, têm tanta dificuldade de se abraçar uns aos outros.

Até mesmo, a dificuldade em mostrar um simples gesto de carinho num momento de tristeza ou felicidade. Suponho mesmo que essa dificuldade se agrava mais nos homens (bem, não são todos iguais), e tomo como o exemplo os homens que tenho à minha volta. 

Na prática de yoga, pratica-se muito o auto-abraço. Mas convenhamos, como sensação afectiva, não é nada parecida com aquela de ser abraçada por outra pessoa de quem gostamos e que nos quer bem. Nada, mesmo.

Reparo que nos filmes, séries de televisão, as pessoas se abraçam muito. Até já comentei isso com familiares, homens.

Resposta quase sempre: Isso é só na ficção. Na vida real as pessoas não andam por aí a distribuir abraços uns aos outros. 

Mas não é verdade! Já tenho visto pessoas na rua a oferecer abraços, embora nunca me tenha cruzado com nenhuma dessas pessoas afectuosas, viradas para os outros.

Verdade que também não sei como reagiria a um abraço de um estranho.

Talvez seja o espelho da sociedade actual, egocêntrica, virada só para as selfies em qualquer canto e esquina.

Talvez as pessoas que gostam de dar abraços, tenham vergonha. Quero acreditar que sim. Admito que sou uma dessas pessoas tímidas. 

Talvez eu me ande a dar com as pessoas erradas, não sei! 


Miosótis (pseudónimo)

03.06.2017

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