Street Art
E hoje fez-se alegria. Sol entrando pelas janelas, brilhante, desde a manhã. Sol mais quente. E céu azul!
Mum! Que bom abrir a varanda e aspirar o sabor da temperatura tão amena. E saio lá fora. O café tem um outro sabor. Sorvo por curtos gestos, usufruindo do aroma que se solta. Livre.
Saúdo o sol. Recolho-me, olhando lá longe o horizonte. Em paz.
Baixo-me para as plantas. Retiro as folhas secas, húmidas mas sem vida. A chuva, o gelo. Sabe-me bem mexer neste pedacinho da natureza pendurada na cidade. Trato-a com carinho. A natureza.
Olho as gaivotas, longínquas. Tornaram-se citadinas. Um ou outro pássaro voa mais próximo, ainda descrente de uma primavera fora do tempo. Sereno.
E dou por mim afagando as folhas novas verde-água tenras que teimam em nascer, enquanto sigo o pássaro até o perder de vista. Lá bem longe.
2014 foi um ano triste, duro mesmo. Eu sei - me dirão - duro é ter fome e não ter que comer, ou ter frio e não ter onde dormir. Eu sei, sou privilegiada.
Então travo meu queixume. E olho de frente este sol que me invade. Respiro. Profundamente. Absorvo o que a atmosfera me doa.
Hoje há sol, de novo! E fez-se alegria.
Ainda bem que sempre existe outro dia.
E outros sonhos.
E outros risos.
E outras pessoas.
E outras coisas.
Clarice Lispector
Miosótis (pseudónimo)
fragmentos de uma manhã com flores
fragmentos de uma manhã com flores
24.01.2015
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