Wednesday, January 07, 2015

E chega o dia




credits : Jodi McKee

E chega o dia em que temos que desmontar a árvore de natal. É um pouco triste. Habituámo-nos a ver a sala mais alegre, luminosa. E quando chegámos a casa ao final do dia, fugindo do frio gélido que se faz sentir lá fora, é bom ver aquele cantinho iluminado, as luzes que ligam e desligam, imprimindo um briho mágico às noites de Dezembro. 

A sala vai ficar mais triste. dir-se-ia mais vazia, menos aconchegante. E o acto em si é tristonho, é como o desfazer de um sonho que durou até ontem, noite de Reis.

E o pior, é mesmo retirar um a um os enfeites vermelhos, os laços doirados, ver o chão, as mãos, as roupas cheios de brilhantes. Instala-se assim uma pequenina nostalgia no olhar. 

depois fechar os ramos, melhor hastes, despidos, solitários, que se vão dobrar para que o pinheiro possa caber de novo na caixa de cartão. Nem sempre fácil fazer a árvore entrar de novo, ficar tristemente aguardando até ao próximo Natal.  E as luzes? Tarefa difícil dobrar os fios, dado que a siamesa que por aqui habita, se entretém, emaranhando-se neles aos saltos, com divertida alegria.

Fica tudo demasiado triste a partir de hoje. Já uma pessoa se habituou a chegar a casa e a ver aquelas luzes que piscam tornando a sala toda imponente, mais quente.

Logo ao final do dia, quando regressar a casa e abrir a porta, não verei as luzes reflectirem-se nas paredes, iluminando até o hall da entrada.

É por isso que  não gosto muito da noite de reis. Embora a simbologia seja muito apelativa.  Marca a data para católicos, e ortodoxos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII, converteu em Melquior, Gaspar e Baltazar.


credits: non-identified (?)

Lá comi os vagos de romã que deveria ter sete bicos, mas não encontrei quando entrei apressadamente no supermercado, amontoado de gente. A euforia das lojas e supermercados ainda não acabou? 

Pois a romã, segundo a tradição, deverá ter sete bicos, para os mais supersticiosos, para se ter dinheiro todo o ano, ou pelo menos, para que o dinheiro não falte. 

Miosótis (pseudónimo)

07.01.2015
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6 comments:

Manuel Veiga said...

belo e sensível texto

beijo

Mar Arável said...

Belos os mares desgrenhados

Lilá(s) said...

Não comi a romã, mas partilho contigo oa nostalgia de desmanchar a árvore, ficou umm grande vazio!.
Bjs

MS said...

Sempre atento, afectuoso, 'Herético'.

Beijo

MS said...

Também podem ser belos, sim 'Mar Arável', mas temerosos.

MS said...

Eu adoro romã, para além da tradição e da simbólica que preservo.

Ainda bem que compreendes esta súbita nostalgia que se solta quando temos que desfazer a árvore de Natal. Com ela vai a magia das noites mais luminosas do mês.

Beijos, Lilás.