Friday, April 10, 2015

Minha amiga distante




créditos: sem identificação, 2008


Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta  e do fragor terreno. (...)

Antero de Quental, A um poeta

Noite sem estrelas, um céu de pranto feito, enevoamento do olhar, espaço sem murmúrios. Só tristeza.

O silêncio pôs-se na paisagem. Bruscamente. Como onda que abre túneis sulcados de lágrimas. E as flores perdem seu encanto. 

E no entanto, dia de intensa primavera, noite de lua cheia, ante-véspera de domingo de Páscoa.

As flores de primavera deixaram de ser coloridas. E as flores perderam a alegria.

A irmã que não tive. A amiga presente em muitos momentos. Companheira de desabafos. Mútuos.

E partiu. De mansinho, sem uma palavra, desfez-se num suspiro. Na ausência dos que amava. Apanhada de surpresa.

Sensação desse desconsolo se queda em meu olhar, vago, desolado. 

Minha alma deambula, ainda mais orfã, neste dia-a-dia, lacrimosa, procura algum sentido na ausência do abraço. 

O caminho que atravesso é de tristeza. Mais um dia de silêncios. E uma noite de pensamentos cerrados.

Minha amiga distante.


Miosótis (pseudónimo)

09.04.2015
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5 comments:

Pedro Costa said...

Gostei imenso dos dois poemas :)

Manuel Veiga said...

beijo. solidário...

Mar Arável said...

Abraço em silêncio

Lilá(s) said...

Emocionante e lindo! um beijo e um grande abraço

MS said...

A Pedro,
Herético,
Mar Arável
Lilás

... agradeço imensamente o carinho aqui deixado, na partilha desta dor.
:-(