UNESCO world heritage site of Bhaktapur
Nepal
credits: Omar Havana/Getty Images
Ah, abram-me outra realidade!
Quero ter, como Blake, a contiguidade dos anjos
E ter visões por almoço.
Quero encontrar as fadas na rua!
Quero desimaginar-me deste mundo feito com garras,
Desta civilização feita com pregos.
Quero viver, como uma bandeira à brisa,
Símbolo de qualquer coisa no alto de uma coisa qualquer!
Depois encerrem-me onde queiram.
Meu coração verdadeiro continuará velando
Pano brasonado a esfinges,
No alto do mastro da visões
Aos quatro ventos do Mistério.
O Norte — o que todos querem
O Sul — o que todos desejam
O Este — de onde tudo vem
O Oeste — aonde tudo finda
—Os quatro ventos do místico ar da civilização
—Os quatro modos de não ter razão, e de entender o mundo
Álvaro de Campos, Ah, abram-me outra realidade
Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
in Banco de Poesia, Casa Fernando Pessoa
Não sei o que escrever. Tanta desolação e luto.
Mal refeita de uma dor, a dor do mundo. Um olhar sem pensamentos.
A dor. A tristeza.
Pressentimento de almas ausentes em diferentes paisagens.
Nepal. Mar Mediterrâneo. Paz. Eternidade. Preces.
Ah! Abram-me outra realidade
Miosótis (pseudónimo)
fragmentos da noite com flores
26.04.2015
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