Tuesday, March 18, 2014

Entre paisagens e poesia




Queens | New York
foto: Carlos Esteves

O quieto resplendor do azul sobre este cais mítico despoleta em mim a corrente poética que atravessa.

Será pelo amanhecer? Apenas uma figura humana dando um sentido emocional. 

Tantos os filmes que fazem de Gantry Park quays Queens o lugar privilegiado de muitas das cenas, quase sempre de amor. Nem sempre felizes.

Falar de amor? Não, não vou falar de amor. Fica bem aos poetas.

Falo sim de sonhos. Eu sei. Poetas sonham. Mas não sendo poeta, também tenho sonhos.

É sonho meu este de conhecer Nova Iorque. Percorrer o cais, amorosa maravilha, ali, sentar-me num tranquilo banco, só de poetas.

Influências ! O cinema tem um lugar mágico na minha vida. Como que um ritual que me mantém viva e em harmonia com o meu mundo real. Infinitamente.

Não nego. O cinema despertou-me o sonho de visitar Nova Iorque. E Queens imprescindível peça desse imaginário. Uma pura emoção original.

Seria a constelação do meu sorriso. E a eternidade a meu lado.


Mas sabem-no, no limiar do impossível.

Noites assim, sabe bem sonhar. Noite calma, lua cheia. Sonhos. Com  Gantry Plaza State Park, Long Island, Queens.

Il ne faut au poète
que le chant pur de son ignorance
pour prendre audacieusement
mesure de toutes les distances.

Natália Correia, Inéditos V, (1955-1957)

Miosótis (pseudónimo)

18.03.2014
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Saturday, March 08, 2014

Dia Internacional da Mulher : Elas





créditos: Autor não identificado
via Google Images


Hoje, 8 Março, Dia Internacional da Mulher, as mulheres celebram os avanços feitos no feminino a nível económico, social e político. Mas as estatísticas ainda revelam dados preocupantes de desigualdades.

Elas

Elas
iludem as escurezas
dos rostos
a negrura das nódoas

do corpo

Desatam os nós que lhes
atardam, atam e algemam
a alma e os pulsos

Conversam entre si
coisas de enredo
lançam Luz nos recantos

das vagas

Trocam receitas de venenos
murmuram palavras escusas
desejos inolvidáveis

«Oh, que dureza ruim!
Ataduras e debruns
missanga de muita estrela

Cassiopeia, raízes
sangrantes
das próprias veias»

Elas
inventam a mata
na clareira assombrada
embrenhadas na vigília

recriam, criam, dominam

Viram pombas, profetisas
com uma alvura de cera
pálidas rosas da China

«Oh, tormenta amendoada
solidões e desespero
enquanto de madrugada

Cavam, enterram, devassam
pespontando com o riso
as dobras de calamento»

Elas
bradam, elas buscam
sibilas e amazonas
emudecem as camélias

e as roseiras nervosas

Feiticeiras ardilosas
filhas da harmonia
partilham as tempestades

derrubam, suturam, fiam

«Oh, doçuras sigilosas
no aço do destempero
de incêndios e desesperos

Virados pelo avesso
a paixão e a razão
entre si tão divididas»

Elas
recusam, derrubam
dominam as próprias vidas
com a sua inteligência

Tornam-se donas do tempo
a semearem agruras
pelos meandros do vento

Maria Teresa Horta
Lisboa, 8 de Março 2014


Neste dia, o poema que a poetisa dedica as todas as mulheres !


Feliz Dia para todas !


Miosótis (pseudónimo)

fragmentos do dia com flores

08.03.2014
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