Japanese bonsaï
Nesta época do ano, tendo a olhar pela janela, atenta às alterações de mudança de estação. Tãp rápido! Ainda ontem era verão.
Na segunda-feira, estive na praia. Tempo quente. Depois, sentei, já bem no final da tarde, numa esplanada frente ao mar.
Aproveitava o pôr-do-sol, lendo, enquanto degustava um crepe aromatizado de canela.
O Outono entrou de rompante. A natureza inicia sua transmutação. O equinócio anuncia-se por perto.
Adentra-se a luminosidade ténue, os dias mais curtos, a noite desce sem lentidão.
Observo as folhas. Já vagueiam soltas, caidas das árvores, espalhadadas pelas ruas.
E há o friozinho pela manhã, e no quebrar da tarde. O verão está quase no fim. É hora de me preparar para a temporada de inverno.
Embora tente lutar contra isso, esta é a época do ano em que minha mente se torna um pouco mais triste. Sorriso menos solto.
Penso nas pessoas que não estão mais em minha vida. E nestes últimos meses, tenho sido fustigada com a perda de amigos.
Um arrepio de frio. Olhando, de novo, para lá da minha janela, a noite chegou mais fresca, hoje, céu de semblante sombrio, carregado da cor de bréu.
Não há estrelas. Apenas ao longe as luzes da cidade. Também elas mais solitárias.
O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar
Manoel Bandeira, Crepúsculo de Outono
(excerto)
Miosótis (pseudónimo)
13.09.2015
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