Cherry tree blossom
Photo: CHSZ Preservation Society/AFP/Getty Images
Gosto do culto de Sakura. A flor de cerejeira associada ao éfemero da vida. A mesma filosofia que vi e me fez gostar do filme Último Samurai.
Sei que as cerejeiras se situam perto dos templos budistas.
Talvez por isso, monges e cientistas se unam em torno do mistério cósmico da cerejeira que cresceu de uma semente. Uma semente que permaneceu a bordo da International Space Station (ISS) durante oito meses. Acaba de florir, alguns anos mais cedo do que natureza prevê. E com flores surpreendentes.
Falo da cerejeira junto do templo Ganjoji, na cidade de Gifu, Japão.
Sei que as cerejeiras se situam perto dos templos budistas.
Talvez por isso, monges e cientistas se unam em torno do mistério cósmico da cerejeira que cresceu de uma semente. Uma semente que permaneceu a bordo da International Space Station (ISS) durante oito meses. Acaba de florir, alguns anos mais cedo do que natureza prevê. E com flores surpreendentes.
Falo da cerejeira junto do templo Ganjoji, na cidade de Gifu, Japão.
Porém, um outro mistério se adensa por cá. Que é feito dos pássaros? Esta primavera tardia, pouco segura, está ainda mais triste. Silenciosa!
Não há pássaros. Os bandos de pássaros que costumavam cruzar bem perto da minha janela, em voos migração. E os pássaros que chilreavam nas madrugadas, nos ramos das árvores.
Não há pássaros. Os bandos de pássaros que costumavam cruzar bem perto da minha janela, em voos migração. E os pássaros que chilreavam nas madrugadas, nos ramos das árvores.
Que é feito dos pássaros? Por que não cantam eles? Cantaram prematuramente nas noites de Novembro?
Lembram, ainda a noite se mostrava fria, e já os pássaros rondavam por aqui, alta madrugada, chilreando alegres, pueris, perto da minha janela. Tinha mesmo um pássaro cantador que voltava a cada primavera.
Lembram, ainda a noite se mostrava fria, e já os pássaros rondavam por aqui, alta madrugada, chilreando alegres, pueris, perto da minha janela. Tinha mesmo um pássaro cantador que voltava a cada primavera.
Fugiram ao frio ? Emigraram para terras mais aprazíveis? Oh ! Não ! Fazem-me falta. Os pássaros, e os seus chilreios. Traziam-me alegria na noite, davam-me paz ao entardecer, força de viver a primavera pela manhã.
O silêncio prolonga-se. Instala-se. O silêncio é bom, eu sei, por vezes, quando cultivado no momento certo! Ouve-se a alma com tranquildade.
Mas já me perco na minha interioridade ! Sem pássaros, as pausas são ainda mais longas.
Neste tempo de primavera pascal que se anuncia, a ausência dos pássaros faz-nos repensar a vida. É como se a a natureza nos esquecesse, e nos mergulhasse na ausência das coisas belas que enchem o mundo.
Será uma Páscoa mais triste, com certeza . Como se não bastasse viver num país de semblantes cerrrados.
Senhor, trazei os pássaros de volta !
Para que a meditação de Páscoa seja mais doce, para que a serenidade do tempo se refugie na alma, com encantamento, ao som do canto fresco dos pássaros. E a paz se adentre.
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos (...)
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos (...)
Sophia Mello Breyner, A paz sem vencedores nem vencidos
Miosótis (pseudónimo)
fragmentos da noite com flores
(introspecção de Páscoa)
15.04.2014
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